29 de agosto de 2014

Da série 'Poesia em metro':

POSTE

eu só peço salvação, se não for incômodo
ou eu me mudo para outro cômodo da mesma casa
e aí crio asas e vôo
creio que posso planar, se subir bem alto (como num sonho)
impulsionado por um foguete ou por um salto

eu só peço caridade, se não for desfeita
ou eu me mudo para outra cidade onde haja a mesma rua, mesma casa, o mesmo poste

creio que posso cultivar lírios de cemitério
na matéria fértil do meu cérebro

eu só peço paz & amor, se não for antiquado
creio que posso imitar um poste
tipo ficar parado
(na esquina dessas ruas que eu não consigo atravessar)
sem ninguém me notar
basta cruzar os dedos ou criar asas, ou subir bem alto
ou dar um salto.

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